Quando todos estão vendendo, isso cria uma oportunidade para comprar mais barato — é assim que as tendências de alta costumam se recuperar. No entanto, às vezes, a alta nos preços dos ativos após liquidações generalizadas é apenas resultado de vendedores a descoberto cobrindo posições problemáticas. Se esse for o caso, a tendência de alta não está necessariamente sendo retomada. Algo semelhante está acontecendo atualmente com o S&P 500.
De acordo com uma pesquisa do Goldman Sachs, os vendedores a descoberto de ações norte-americanas cobriram suas posições em outubro no ritmo mais rápido já registrado desde o início do monitoramento, em 2008. Foi essa atividade que trouxe o S&P 500 de volta para perto de suas máximas históricas. Mas, se esse movimento não estiver fundamentado na estratégia de "comprar na baixa", surgem sérias dúvidas sobre a capacidade dos compradores de restabelecer uma tendência de alta sustentável.
Por muito tempo, o índice amplo de ações tem ignorado os fatores negativos, enquanto muitas das boas notícias já estão refletidas nos preços. As negociações comerciais entre os EUA e a China foram retomadas. Os mercados de derivativos já precificam completamente um corte de juros pelo Federal Reserve até o fim de dezembro. O fechamento do governo norte-americano impede uma avaliação adequada da força da economia. Resta apenas a temporada de resultados do terceiro trimestre.
Até agora, o cenário parece favorável. De acordo com a FactSet, **76% das empresas que já divulgaram seus resultados superaram as previsões de lucro**. Destaque para os números positivos da **Coca-Cola, 3M e General Motors**, que ajudaram o **índice Dow Jones Industrial Average** a alcançar novas máximas históricas.
O crescimento dos lucros contribui significativamente para a valorização das ações. No entanto, quando o S&P 500 sobe tanto, é inevitável que surjam pensamentos sobre uma possível bolha. O que poderia fazê-la estourar?
Em primeiro lugar: um fracasso nas negociações entre os EUA e a China, seguido por uma guerra comercial em grande escala. Um salto da inflação norte-americana acima do esperado em setembro poderia enfraquecer as expectativas de um corte de juros pelo Federal Reserve em outubro. E, por fim, a temporada de balanços pode até começar bem, mas terminar decepcionando. Quem pode garantir que as gigantes de tecnologia vão atender às expectativas dos investidores no terceiro trimestre?
De fato, se o S&P 500 alcançar novas máximas históricas, novos compradores devem se juntar à alta. Mas, se o índice amplo não conseguir romper logo esse patamar, é provável que vejamos consolidação e aumento da volatilidade. Assim, outubro pode muito bem manter sua fama de mês mais volátil para as ações norte-americanas.
Uma transição do S&P 500 para uma faixa de consolidação pode desviar a atenção para outros mercados. O carry trade tem impulsionado os índices japoneses Nikkei 225 e TOPIX, enquanto a resolução da crise política na França levou o CAC 40 a um novo recorde histórico.
Do ponto de vista técnico, uma vela do tipo doji se formou no gráfico diário do S&P 500, após uma vela de corpo amplo. Uma queda abaixo do nível de 6.720 pode indicar o início de um padrão de reversão de baixa. Considere posições de vendas a partir desse ponto.
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