Há muito ruído para pouco ganho. O S&P 500 vem oscilando de forma errática. Os compradores apostam no FOMO (fear of missing out, ou medo de ficar de fora) e no tradicional rali de Natal no fim do ano. Já os vendedores sustentam a tese de uma bolha no setor de tecnologia, marcada por avaliações fundamentais infladas e pela dificuldade dessas empresas em gerar lucros compatíveis com os investimentos colossais realizados. Como resultado, o principal índice acionário dos EUA se aproximou de suas máximas históricas, mas esse último passo costuma ser justamente o mais difícil.
De acordo com o Goldman Sachs, a expectativa é de que o rali do mercado acionário norte-americano se estenda até 2026. Cortes nas taxas de juros promovidos pelo Federal Reserve e lucros corporativos sólidos tendem a prolongar o ciclo econômico e a sustentar os ativos de risco. No entanto, o banco alerta que o próximo ano pode não ser tão favorável quanto o anterior. O afrouxamento da política monetária deve ocorrer de forma desigual, e as avaliações elevadas das empresas que compõem o S&P 500 podem reduzir o apetite dos investidores por ações dos EUA. Ainda assim, o fluxo de capital segue robusto, mantendo o mercado sustentado no curto prazo.
Dinâmica dos fluxos de capital para as ações dos EUA
Em 2025, cerca de 45% dos lucros do S&P 500 foram gerados pelas empresas do grupo conhecido como Magnificent Seven. No entanto, o aumento da concorrência e as crescentes dúvidas sobre a eficácia dos investimentos em inteligência artificial vêm estimulando uma rotação setorial no mercado acionário. Papéis da NVIDIA e de outros gigantes do setor de tecnologia começam a dar lugar a ações de segmentos como bancos, energia e setores tradicionais. Esse movimento é reforçado pelas preocupações com os elevados múltiplos de preço/lucro projetados, o que reacende temores de uma possível bolha. O cenário remete à crise das pontocom, sugerindo que um ajuste mais profundo não pode ser descartado.
A história costuma se repetir — tanto nos momentos favoráveis quanto nos adversos. Tradicionalmente, o S&P 500 apresenta desempenho positivo na transição de um ano para outro, movimento conhecido como rali de Natal ou rali do Papai Noel. Embora o índice amplo não tenha seguido esse padrão no período 2024–2025, nada impede que essa sazonalidade volte a se manifestar no intervalo entre dezembro e janeiro desta vez.
Dinâmica do índice preço/lucro do S&P 500

Persistem dúvidas relevantes no mercado. Os investidores demonstram ceticismo em relação à desaceleração da inflação nos Estados Unidos em novembro, atribuindo esse movimento, em parte, ao fechamento do governo. No mercado de futuros, a probabilidade de um corte na taxa dos fundos federais em janeiro permanece abaixo de 20%, com as expectativas sendo gradualmente deslocadas para março.
Além disso, dirigentes do FOMC classificam os três cortes mais recentes como medidas preventivas e indicam a intenção de permanecer em compasso de espera ao menos até a primavera. Essa visão é compartilhada pelo presidente do Federal Reserve Bank of New York, John Williams, e pela presidente do Federal Reserve Bank of Cleveland, Beth Hammack.

Assim, se a tendência de alta do S&P 500 continuar no quarto ano de um mercado em alta, a escala dessa recuperação seria incomparável com períodos anteriores.
Do ponto de vista técnico, o gráfico diário do índice de mercado amplo formou uma vela doji, com o preço ultrapassando as médias móveis. As posições de compra estabelecidas acima de 6.750 no S&P 500 devem ser mantidas e aumentadas gradualmente. Os níveis-alvo estão definidos em 6.980 e 7.100, onde se localizam importantes níveis de pivô.
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